Querido Brasil...
O que eu posso dizer?
Não
acredito que esse dia chegou, o meu último dia nesse país
maravilhoso, que desde o começo me encantou com as suas belezas, as
suas diferenças, a sua cultura...TUDO! Não acredito mesmo que
chegou a hora de eu ir embora, parece ontem que embarquei no avião
para vira pra cá, não estou pronta ainda para voltar...
EU.
NÃO.
QUERO.
VOLTAR.
NÃO
AGORA.
Nessa
situação as únicas palavras que consigo pensar e dizer não são
minhas, mas do meu cantor brasileiro favorido, Renato Russo, que numa
música dele cantava... “E eu dizia: ainda é cedo, cedo, cedo,
cedo, cedo...”
Isso
é incrível porque até pouco tempo atrás nunca teria imaginado que
esse dia iria chegar, mas, como qualquer dia, chegou, e eu não quero
ir embora.
Mas
por qué não quero ir embora?
Muita
gente já me perguntou isso...como “você não tem saudade da
Itália?”. E eu sempre respondo do mesmo jeito...estou com um pouco
de saudade sim, mas na verdade não é muita porque voltando pra lá
eu deveria deixar aqui no Brasil toda a vida que eu, sozinha, nesses
dez meses construi, e isso me apavora, não me faz dormir de noite,
me faz chorar, me deixa mal...
É
muito dificil, só pessoas que fizeram intercâmbio ou que passaram
por situações parecidas podem entender...é como se o nosso coração
fosse uma moeda, com duas facetas: uma quer voltar, e a outra quer
ficar (“Dechirée, je suis une femme partagée, dechirée, entre
deux pays que j'aime, entre deux pays qui m'aiment, faut-il que je me
coupe le cœur em deux?”). Me parece tão extranho...eu não quero
voltar deixando pra sempre, ou por muito tempo, tudo aquilo que
construi com a força dos meus braços e da minha força de vontade.
Pelo menos já tenho a certeza do que voltarei um dia...mas o pior é
que não sei quando; aqui no Brasil encontrei uma família
fantástica, conheci pessoas maravilhosas que me deixaram mais e mais
rica, no sentido mental e com as quais eu cresci muito como pessoa:
talvez agora ainda não percebo muito isso, mas eu sei que mudei...e
sei que quando eu voltar, vou perceber isso ainda mais.
Querido
Brasil, queria te agradecer por me ter deixado viver uma vida intera
em dez meses no teu solo, na linda Curitiba, me ter feito fazer
coisas que eu nunca fiz até aquela hora, viver experiências únicas,
e muito mais...
OBRIGADA
BRASIL, por todas as pessoas maravilhosas que teve a honra de
conhecer, a minha família hospedeira, ou seja, a minha segunda
família, os colégas da minha primeira turma (não teve a
oportunidade de me despedir de vocês, mas saibam que eu adorei
passar aqueles seis meses com vocês, aprender o português, e passar
muitos momentos lindos juntos), todos os professores, e os colégas
da segunda turma. Pra eles queria fazer um agradecimento amais.
Galera linda, queria agradecê-los por tudo, por cada coisa que
aconteceu nesses quatro meses passados juntos, por tê-los
conhecidos, por todas as risadas e as zueiras, por todas as
conversas, por cada coisa, também a menorzinha, que econteceu
naquela sala. EU NUNCA VOU ESQUECER VOCÊS, SÓ UM LOUCO SERIA CAPAZ,
eu sou meio louca mas nunca vou esquecer isso!
Agora
chegou a hora de eu ir embora, querido Brasil, eu não queria ir, mas
devo...mesmo contra a minha vontade, esses meses foram absurdos,
incríveis, fantásticos, INESQUECÍVEIS. A mala estáolhando pra
mim, tanto como a caixa que vou despachar e a mochila...por quantas
aventuras passamos!
Eu
não quero ir embora, repeti isso umas mil vezes ao longo dessa
“carta”, e agora chegou o momento de terminá-la agradecendo-te
mais uma vez por tudo aquilo que me aconteceu aqui.
OBRIGADA
BRASIL!!
“I
don't know where I'm going
But
I sure know where I've been
Hanging
on the promises in songs of yesterday
And
I've made up my mind
I
ain't wasting no more time
HERE
I GO AGAIN.”
Dianella.